Filosofia, Chernobyl, URSS, aliens. Retrofuturismo mexicano do Equinoxious se apresenta no Rio

Rogelio Serrano (Divulgação)
A noite desta sexta-feira, 25, promete uma viagem sonora em meio a sintetizadores e muito retrofuturismo. Quem vai proporcionar isso é o Equinoxious, projeto de synthwave do mexicano Rogelio Serrano que está no Brasil em turnê. Ele se apresenta no Les Cadavres - Synth Edition, que acontecerá a partir das 21h, no Estúdio Hanoi, em Botafogo. Além do Equinoxious, se apresentam Anvil FX, de São Paulo, e Cubüs, do Rio de Janeiro.  

Equinoxious passa pelo Brasil para divulgar seu recente lançamento Amplitud Nuclear, que foi lançado em formato LP. Rogelio Serrano contou ao RUÍDOZZ que o seu novo disco propõe um experimento com mais uso de sintetizadores e até uma viagem a um período tenso da história recente.

- O tema do novo LP centra-se na questão da energia nuclear e a devastação causada pelo acidente histórico, como o caso do reator 4 de Chernobyl, em Pripyat. Ao contrário de trabalhos anteriores, o novo álbum está focado mais no design do som do que na melodia. Mais sintetizadores foram usados, em comparação a discos anteriores – conta Serrano.

- Equinoxious é uma mistura de vários elementos de ficção científica. Eu gosto de ler pseudociências focadas em teorias criacionistas alienígenas, como O Livro Perdido de Enki, do Zecharia Sitchin. Da mesma forma, a cultura dos sumérios e alguns outros livros como o Bhagavad-Guitáa e Srimad Bhagavatam. Em suma, eu sou fã da teoria dos antigos astronautas e isso se reflete nas minhas músicas e letras – explica.

Com 24 anos e marxista-leninista convicto, Rogelio tem como principal fonte de inspiração o filósofo chileno Vicente Huidobro. Aprofundado em estudos de filosofia, seu conhecimento torna-se a máquina que move o Equinoxious, propondo, inclusive, uma reflexão acerca da criação.

- Vicente Huidobro foi um poeta associado com artistas como Guillaume Apollinaire, André Breton, Jean Cocteau etc. Lançou as bases do criacionismo e rejeitou os surrealistas, onde seu postulado foca em um ditado do subconsciente para rejeitar o que foi colocado na posição de um deus. O trabalho de Huidobro, especialmente Altazor, influencia minhas letras e aborda principalmente questões como a alquimia e astrologia – diz.

- Movimentos de vanguarda soviética aplicadas à corrida espacial soviética também são fontes frequentes de inspiração, inclusive cartazes relacionados com o desenvolvimento tecnológico de foguetes e ilustrações de satélites da União Soviética – continua.

Rogelio explica que teve contato com seu primeiro sintetizador aos 14 anos, quando escutou o disco Equinoxe, do francês Jean Michel Jarre. Estudando piano ele se interessou em criar suas próprias composições, revelando também sua preferência por sintetizadores analógicos.

- Os sintetizadores analógicos oferecem controle direto para a criação de sons desde a sua fase inicial. Isso gera uma categoria criativa maior quanto a originalidade da música, evitando usar o preset, que a maioria dos sintetizadores digitais possuem. Sempre existirá uma polêmica entre o digital e o analógico. Ambos são bons, mas também utilizo meios digitais, principalmente para gravar e mixar as minhas músicas – esclarece Rogelio.

SERVIÇO

Les Cadavres - Synth Edition – 21H
Estúdio Hanoi
Rua Paulo Barreto, 16, Sobrado, Botafogo, Rio de Janeiro-RJ

Ingressos: R$20


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