DeviliveD relança primeiros EPs em CD, promete álbum completo e reafirma compromisso D.I.Y

One man band de death metal da Baixada Fluminense se destaca por nuances técnicas

A distro Underground Gräves (RJ) anunciou que vai lançar em parceria com o selo Som de Peso (RS) um material do DeviliveD em formato CD contendo 11 faixas dos sons dos EPs "Emperors of Malevolence" (2016) e "Crônicas do Necrófago" (2018). 

O projeto de death metal one mand band conduzido por Diego Lopes, traz uma proposta influenciada por The Chasm, Deicide e Incantation e, apesar de ter sido lançado primeiramente apenas em plataformas digitais, reafirma a força dos selos independentes e mantém viva a proposta Do It Yourself encrostada no underground.

Cartaz de relançamento dos EPs (Foto: Reprodução)

Até a consolidação do material físico foram longos sete anos de insistência. Para entender melhor,  RUÍDOZZ trocou uma ideia com Diego Lopes, que nos contou sobre os primeiros passos do seu projeto, planos e discutiu também impressões sobre a cena.

RUÍDOZZ: Como e quando nasceu o DeviliveD?
Diego Lopes:  A ideia da DeviliveD surgiu em meados de 2014, sendo que eram somente riffs soltos e rascunhos. Nesse meio tempo tentava formar bandas, mas por fatores diversos não davam certo e enquanto não rolava, procurei aprender a gravar em casa mesmo na expectativa de ter um lugar para registrar minhas ideias. 

No final de 2015, após ter gravado um projeto de cyber noise e ter uma certa quantidade de sons pra DeviliveD prontos, decidi gravar no meu home studio o "Emperors Ov Malevolence" que durou um mês de produção contando somente comigo para fazer tudo, já que não tinha integrantes no projeto.

RUÍDOZZ: É visto nos créditos dos materiais lançados que a bateria é programada. Foi por necessidade ou escolha? Há intenção de ter banda completa para shows?
DL: Foi por pura necessidade. Eu sempre observava a escassez de bateristas no Rio de Janeiro, ainda mais que tocassem death metal, então aprendi a programar e toquei o projeto pra frente dessa forma. Estudei muito as linhas de bateria que as bandas que me inspiram tocavam e tocam e fiz do meu jeito.

Sobre shows eu tenho intenção de fazer sim, sendo que com bateria programada, pois quero buscar uma experiência de bandas como Viral Load, Mortician e Putrid Pile -essa última que foi uma das minhas inspirações para deixar a batera programada -, mas dependendo de como tudo acontecer e surgir um batera, pode ser que role uma gig com ele.

RUÍDOZZ: O último registro faz dois anos. Há intenção de lançar algo novo, tendo em vista o lançamento dos dois EPs em material físico?
DL: De 2020 em diante estarei trabalhando em um full album, já que existem dois EPs rolando para galera sacar. Estou num processo de composição e tenho algumas ideias em mente, mas estou fazendo tudo com calma.

(Foto: Arquivo Pessoal)

RUÍDOZZ: Com a digitalização do underground, isto é, o uso massivo das plataformas de streaming, como você vê os selos de material físico hoje em dia? Ainda há espaço para divulgação ampla neste direcionamento? Como pode ser mantida essa proposta na era digital?
DL: Bom, na minha ótica os selos independentes e D.I.Y. sempre foram uma resistência que precede a era digital. Como qualquer mudança tem seus prós e contras, a meu ver a banda underground viver de venda de discos é uma ideia utópica e principalmente nessa época que até mesmo o mainstream não consegue vender como antes.

A parte boa é que há uma democratização. Eu mesmo se não tivesse como gravar meus discos num computador velho e fraco, não conseguiria pagar um estúdio de cara e demoraria muito mais tempo. Isso se deve muito a evolução tecnológica. A parte podre é sempre o comodismo em que a pessoa não quer buscar nada e simplesmente acha que o material vai aparecer do nada. Os selos têm um papel importantíssimo, pois é o reflexo de uma paixão pelo que gosta e espero que continuem aparecendo mais e mais!

RUÍDOZZ: O que de novo em som tem te chamado atenção e por que?
DL: Eu confesso que fico muito preso a discos que ouço faz tempo (kkkkk), mas tem uns sons que me chamam bastante atenção, um deles é o Execration, um death metal old school finíssimo que tem umas temáticas que me interessam e as pegadas são muito bem feitas, fora o death metal tem as bandas de crust que volta e meia saco e curto bastante também.
 
RUÍDOZZ: O metal desenhou um estigma por conta de pessoas com ideias conservadoras de direita lançando opiniões que vão contra a proposta underground. Como você vê isso e qual sua visão acerca desta ruptura no metal? É prejudicial ou necessária?
DL: Necessária, porém é necessário buscar discernimento acerca dos discursos que são exaltados no meio para que evite que sejamos usados como massa de manobra, por pessoas com pensamentos egoicos. Como já presenciei diversas vezes pessoas sendo marionetes e um sujeito ou outro cagando regra, coisa que eu chego a gargalhar mediante à situação. 

Penso que a verdade tem que ser buscada para que não sejamos vítimas disso. A liberdade está aí, estamos no underground pra buscar refúgio dessas mazelas e futilidades que a grande massa vive e não podemos nos contaminar com essas ideias tortas.

Sobre a questão do viés ideológico, eu sou totalmente avesso à politica de direita, e sobre esses "metaleiros" que apoiam aquele cara lá... Não entenderam nada do que é passado nas letras de metal.

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