Nome forte quando se fala de undergound, Victor Whipstriker fez comparativo entre cenas, desafios de viagens e surgimento da União Headbanger
Victor Whipstriker ( Divulgação) |
Whisptriker conversou com RUÍDOZZ sobre o que espera por lá. Experiente, acredita que deve passar pelas mesmas dificuldades que encarou noutras vezes, e não poupa palavras quando questionado sobre as expectativas em voltar.
- Qualquer membro de banda, quando perguntado sobre as expectativas de um tour, responderá que estão esperando grandes shows, boa receptividade, etcetera. O mais interessante seria dizer a verdade, ou seja, como as coisas funcionam de fato - antecipa.
Cartaz do tour na Europa (Divulgação) |
Analisando os dois lados, tanto o do público quanto o do organizador, Victor faz um paralelo comparativo entre a cena do Brasil em relação à Europa e Estados Unidos, este último por onde passou há um ano.
- O diferencial da Europa, assim como nos EUA, é a infraestrutura dos shows e o poder de compra dos headbangers. As casas de show tem sempre uma boa estrutura de som, alimentação, hospedagem. O público pode ter um poder de compra maior do que no Brasil, e acaba consumindo mais materiais também - explica Victor, deixando claro:
- É ralação! São horas e horas dentro da Van, shows todos os dias, diarreia, ressaca. As pessoas que reclamam da cena do Rio de Janeiro, por exemplo, fazem isso com a falsa idéia de que nos outros países do mundo as coisas funcionam diferente. Repito: o que é diferente é a infraestrutura e o poder de compra. O Brasil, em termos de shows selvagens, é muito superior - admite.
INDEPENDÊNCIA E RECONHECIMENTO
Sair do país para tocar pode não ser tão difícil quanto parece. Ao menos para Whipstriker essa barreira já foi quebrada desde 2011. Anualmente o baixista e compositor tem aproveitado para ultrapassar o maior número de fronteiras possíveis.
- Se alguém pensa na Europa como algo impossível, está errado. Até porque existem muitas empresas que podem marcar os shows para a banda. Fatalmente a banda vai sangrar em uma grana violenta, mas se pagar vai tocar. Eu nunca paguei a nenhuma agência. Eu mesmo marco todos os shows e nós alugamos a Van e o equipamento da Agipunk Records, da Itália. Nos EUA nós fomos convidados, então também não marquei nenhum show. Quem quiser ir, basta juntar dinheiro para pagar uma agência ou ter disposição e paciência para marcar sozinho. Eu gosto de fazer esse trabalho de booking, então faço por conta própria e ainda economizo dinheiro - conta.
Victor Whipstriker em tour nos Estados Unidos, em 2015 (Arquivo Pessoal) |
- É muito difícil conciliar o tempo e a disponibilidade de vários membros. No tour em 2014 tocamos com um baterista francês, o Kev Desecrator. Nos EUA, além do Kev na bateria, tocamos com um guitarra americano, o Tony, e o Rodrigo, que é membro da banda. Em novembro voltaremos à Europa com a mesma formação dos EUA, porém com o Hugo, do Cemitério, na bateria. O Hugo é amigo de longa data e já excursionou comigo quando tocamos no Toxic Holocaust em 2006 e com o Farscape em 2008. Além disso, foi ele quem gravou a bateria do novo álbum.
ESTUDO APROFUNDADO E COLETIVISMO COMO BASE
A dedicação à música pesada não se resume apenas em bandas e produção de eventos. Victor Vasconcellos, mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e servidor público na Biblioteca Nacional, também entrou de cabeça para compreender a importância dos espaços de sociabilidade para a manutenção e surgimento da cena Heavy Metal. No livro "A Geografia do subterrâneo", lançado pela editora Novas Publicações Acadêmicas, de Portugal, ele também se aprofunda em como os grupos urbanos estão organizados pelo Brasil. Em uma extensa pesquisa de campo entre 2010 e 2012, Victor percorreu nove cidades brasileiras: : Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Salvador (BA), Aracaju (SE), Maceió (AL), Recife (PE), Campina Grande (PB), João Pessoa (PB) e Natal (RN).
Em seu livro, Victor Vasconcellos aponta como as cenas de Heavy Metal no Brasil se distribuem. (Divulgação/FBN) |
- Esse foi o trabalho que fiz para a minha dissertação de mestrado. Isso não influenciou em nada na formação da União Headbanger. O coletivo surgiu no final de 2013, após um show no (bar) Subúrbio Alternativo. Eu e Rodrigo (Lástima) estávamos conversando sobre a importância dos encontros semanais que ocorriam na Rua Ceará muitos anos antes. A cena era movimentada através das noites de sábado na Rua Ceará e no Garage. Não precisava marcar encontros, bastava ir na Rua Ceará para encontrar com todos. A idéia era criar um grupo para manter essa sociabilidade e, consequentemente, a cena ativa. No entanto, a União Headbanger acabou se tornando mais um coletivo voltado para organização de shows. Fizemos cerca de 70 eventos desde que começamos.
Para conhecer mais o trabalho de Whipstriker, ele disponibiliza sua discografia no Bandcamp Oficial da banda, incluindo o atual álbum na íntegra. Conheça as demais bandas e projetos com Victor Vasconcellos:
Farscape
Bandcamp Oficial: farscape666.bandcamp.com
Facebook Oficial: facebook.com/farscape666
Diabolic Force
Facebook Oficial: facebook.com/Diabolic-Force-904653226214486
Atomic Roar
Reverbnation Oficial: reverbnation.com/atomicroar
Facebook Oficial: facebook.com/atomicroar
Kuld
Bandcamp Oficial: kuld.bandcamp.com
Facebook Oficial: facebook.com/kuld666
Para adquirir o livro “Geografia do subterrâneo” – um estudo sobre a espacialidade das cenas Heavy Metal do Brasil, em formato PDF, o autor disponibiliza gratuitamente no link a seguir: http://bit.ly/2dWVqyO
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